Quatro perguntas para sua retrospectiva de fim de ano

2018

Quando criança, eu me lembro de esperar com alguma ansiedade a tal retrospectiva do ano na televisão. Com o passar do tempo, a ansiedade se transformou numa certa angústia. Eu tinha a impressão de que todo ano havia muito mais coisas negativas do que positivas: pessoas famosas que morriam, tragédias no Brasil e no mundo… 

Só depois de muito tempo, e tendo abolido totalmente a tal programação televisiva da minha vida,  fiz as pazes com a palavra ‘retrospectiva’. Afinal, rever o que passou não é necessariamente negativo.

Recentemente aprendi, inclusive, que muitas empresas adotam retrospectivas como uma prática frequente em suas equipes – e não só no final do ano – para refletir sobre produtividade e repensar novas formas de realizar um trabalho ou projeto.

Por questões logísticas, muitas vezes é  difícil obter uma reflexão em equipe satisfatória entre professores cansados de um ao letivo intenso e se preparando para as festas de fim de ano e para merecidas férias. Mas talvez seja possível começar individualmente e quem sabe, aos poucos, eventualmente incluir seus colegas e até mesmo seus alunos.

Tomando como exemplo o mundo corporativo, como poderíamos adotar essa prática junto à realidade de professores e educadores em geral?  Aqui vai um modelo que se resume em quatro questões:

  • O que foi bem?
  • O que não foi tão bem?
  • O que aprendi?
  • O que ainda preciso superar?

A estratégia parece super fácil mas para que realmente tenha resultado é preciso ser o mais específica(o) possível, anotar cada detalhe e só depois analisar suas respostas. Por exemplo: trabalhei a unidade 5 do livro de uma forma totalmente diferente (faça um esquema de como trabalhou isso); comecei a participar mais nas reuniões de professores (tente se lembrar de coisas que disse e qual foi a repercussão da sua participação), mudei minha abordagem com determinada classe ( passei a usar testes surpresa ou comecei a monitorar a participação dos alunos) … 

O que foi bem 

Assim que definir que projetos você realizou com sucesso, pense que tipo de benefício essa realização trouxe para o seu trabalho. Resultou em mais aprendizado a seus alunos? Tornou seu trabalho mais eficiente? Te fez mais feliz? Abriu caminho para outros aprendizados? Em seguida, reflita que fatores e que passos você tomou para que tudo saísse bem, com quem você trabalhou, que tipo de apoio teve e que atitude sua, pessoal,  fez a diferença.

O que não foi tão bem

Use de sinceridade para admitir os projetos ou iniciativas (mesmo as pequenas) que simplesmente não funcionaram da forma que você desejava. Se pudesse medir sua frustração, de que tamanho seria? Você se chateou mas valeu a pena;  ou os problemas superaram o prazer de tentar; você se desgastou mais do que gostaria…

O que aprendi?

Analisando suas repostas às perguntas anteriores, avalie o que foi possível aprender seja das experiências bem sucedidas seja daquelas que deixaram a desejar. Lembre-se que ninguém aprende errando, a gente só aprende se refltir sobre o erro e encontrar o que precisa ser modificado.  Sem reflexão, corre-se o risco de repetir o erro, inconscientemente.  Por outro lado, um projeto bem sucedido traz muitas lições sobre como conseguir outros bons resultados no futuro, mas é preciso que se compreenda bem o que te fez alcançar tais resultados.

Nunca perco. Se não ganho, aprendo.

Nelson Mandela

O que ainda preciso superar?

Por fim, apesar das oportunidades de aprender com o sucesso e com o fracasso, ter consciência de que ainda há alguns enigmas a se desvendar devem servir como estímulo na hora de traçar seus planos profissionais para o novo ano.

Por exemplo, você tentou usar em sala de aula uma tecnologia que ainda não domina; você tem dificuldades para administrar seu próprio tempo; não conseguiu lidar da forma que gostaria com alguns alunos problemáticos, assumiu mais trabalho do que podia realizar… Ter clareza sobre essas dificuldades não é garantia de que tudo vai se resolver como num passe de mágica no novo ano, mas sabendo exatamente onde precisa melhorar vai te ajudar a ter foco e a criar estratégias mais específicas para encarar cada problema.

Esses passos são bem genéricos, portanto podem se aplicar a vários aspectos da nossa vida. Resista, porém, à tentação de tornar essa dinâmica muito vaga. Aplique-a a situações reais do seu cotidiano no trabalho. 

Faça dessa retrospectiva uma tradição agradável, não uma obrigação. Perceba quanta coisa você fez. E não se esqueça de guardar todas as suas notas para que possa comparar com as do ano que vem. Acima de tudo, celebre erros e acertos. Só não erra quem não tenta nada de novo.

Boa retrospectiva!

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2 comentários em “Quatro perguntas para sua retrospectiva de fim de ano

  1. Excelentes perguntas e reflexões necessárias!

    Curtido por 1 pessoa

    1. Bom saber que você gostou Tatianices! Isso me anima a continuar perguntando (sempre) mesmo sem ter todas as respostas. Abraço!

      Curtido por 1 pessoa

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