Vídeo e autorreflexão: aposte nessa dupla

O curso 100% online e gratuito Refletir sobre a prática foi uma experiência interessante, neste momento em que somos forçados a rever estratégias, valores e até mesmo a questionarmos prioridades. No post de hoje focamos em autorreflexão em vídeo, uma ferramenta antiga que tomou novos contornos mas continua firme.

Para ser honesta, um dos meus pontos fracos nesses tempos de mundo digital é sempre achar que pareço melhor ao vivo do que em fotos ou vídeos… Talvez nem seja verdade, mas falta de autocoentenda que nfiança não significa necessariamente falta de autoestima! 🙂

Hoje em dia, como tanta gente, tive de aprender a conviver com minha versão virtual e acabei descobrindo nisso um lado interessante: a possibilidade de gravar minhas aulas e revê-las. O que pode parecer masoquismo ou vaidade é na verdade um mecanismo muito útil!

Como um pessoa crítica, encontro uma porção de problemas quando revejo uma aula ou discussão, por exemplo. A maioria dos problemas, é bom que se diga, pode ser corrigida. E claro que também há pontos positivos, que podem ser repetidos ou, melhor ainda, aperfeiçoados.

O objetivo deste post é reforçar que vídeo continua sendo uma forma muito eficiente de se fazer autorreflexão, mesmo que já venha sendo usado há muito tempo. Antes de pisar numa sala de aula como professora, mais de 20 anos atrás, minha supervisora gravou minha aula-teste e depois a vimos juntas. Ela elogiou o que considerava acertado e sugeriu formas de melhorar o que não gostou.

Confesso que não fiquei saltitante ouvindo algumas das críticas. No entanto, muito do que ela apontou fez total sentido pra mim. Para que este processo de ‘revisão’ ou reflexão seja produtivo, a pessoa, na supervisão ou na parceria, deve fazer as perguntas certas.

Isso porque essas perguntas serão o fio condutor reflexivo que nos levará a enxergar os problemas, naturalmente, sem forçar nada. A partir daí a gente aprende, incorpora algumas das questões ao processo de planejamento e se torna mais consciente de pequenos entraves ou situações que não havia observado antes.

E se você se animar a adotar esta prática, tenha sempre em mente que não existe PERFEIÇÃO. E é exatamente por isso que a reflexão, com ou sem vídeo, é algo que deve ser contínuo.

Foto por Karolina Grabowska em Pexels.com

Olho no ‘replay’!

Esportes como futebol e basquetebol também se utilizam desse recurso há tempos. Além de assitirem vídeos de jogos de seus adversários, para aprender sobre táticas e reconhecer os pontos fracos e fortes do rival, é comum que um treinador reveja partes ou todo um jogo com o time, já trazendo prontas as observações que quer fazer ou as questões que provocam a autocrítica de todo o grupo (equipe e comissão técnica). A dinâmica também se aplica a esportes não-coletivos, como o tênis, porque vale para análises individualizadas.

Essa analogia esportiva é importante porque para que um exercício de autorreflexão traga resultados, não basta que a gente reveja o ‘jogo’. É preciso definir que aspectos serão avaliados durante este processo e além disso, o que precisa ser mudado para o próximo jogo.

Uma coisa é a gente sentar e rever nossa aula ou a de um(a) colega e anotar algumas observações gerais. Outra é estabelecermos de antemão em que iremos focar nossa atenção. Por exemplo, você pode estar simplesmente avaliando a qualidade da explicação de um tópico ou dos recursos que foram utilizados pelo/a docente em questão. Nesse sentido, a avaliação é puramente uma análise da preparação do/da profissional.

Por outro lado, hoje é possível avaliar (e eventualmente refletir sobre) a forma como professores e facilitadores lidam com a diversidade de seus grupos; se estão ou não preparados para promover a inclusão; e de que maneira resolvem conflitos entre os estudantes ou participantes do curso. Mais recentemente é interessante inclusive refletir sobre as estratégias acertadas ou não para que se promova o antirracismo na escola ou na corporação.

Não é sobre seu corte de cabelo

Resumindo, o que tenho descoberto é que ao assistir um vídeo pré-gravado, embora seja inevitável notarmos um ângulo que não lhe favorece, uma palavra que foi mais repetida do que aconselhável, a franja torta (tempos de pandemia!), o real valor (no caso) de uma autorreflexão com o uso do vídeo é ter bem claro o que você quer observar e aprender.

Use consigo mesmo(a) os critérios que aplicaria se estivesse observando a aula de um(a) colega.

Foto por picjumbo.com em Pexels.com

Uma boa ideia é ter um caderno de notas ou um notepad digital para anotar o que lhe parece pertinente e se possível ver uma vez com total atenção em você e na sua interação com os alunos/participantes e mais uma vez com foco neles: como reagem, se pareciam atentos…

Presencialmente, a linguagem corporal pode dizer muito, já online você vai ter de contar com outros recursos, como a forma de cada um interagir com a câmera, por exemplo.

Uma das grandes lacunas da interação online é que não há o ‘olho no olho’ mas é preciso desenvolvermos algumas maneiras de compensar a falta de proximidade física. Encontros em ‘salas’do Meet, Teams ou Zoom são ótimas neste sentido, até para que a gente não se perca naquela imensidão de quadradinhos, muitos deles com câmeras fechadas.

Enfim, se não for possível refletir sobre a atuação dos alunos neste momento, concentre-se em você, mas tenha generosidade em suas análises. Seja gentil como seria com seus colegas. Uma sugestão de roteiro preliminar para autorreflexão com o uso do vídeo é:

  • como foi minha introdução do tópico?
  • de que forma obtive (ou não) o engajamento dos alunos/participantes
  • que estratégias usei para promover participação?
  • deixei espaço suficiente para que todos participassem?
  • falei mais do que deveria?
  • promovi um ambiente acolhedor?
Foto por Tirachard Kumtanom em Pexels.com

Anote:

Três pontos que você mais gostou sobre sua atuação

Três pontos que precisam de atenção ou melhora

O curso Refletir sobre a Prática vai abordar esta entre outras formas de se promover a reflexão sobre a experiência ensino-aprendizado e o porquê da necessidade e importância de refletirmos sobre a forma como a aprendizagem acontece. Como já disse John Dewey, não aprendemos a partir de uma experiência, mas da reflexão sobre a experiência vivida.

O curso Refletir sobre a prática saiu do ar no dia 31 de março. Para quem participou, meu muito obrigada! Quem perdeu e tem interesse, assine a newsletter ou este blog para ficar por dentro das datas de relançamento.

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